Gestaltificação e perfeição são intimamente relacionadas. São aspectos do mesmo processamento da ação – que é, própria e especificamente, fenomenológica existencial, e dialógica, compreensiva e implicativa.

A gestaltificação é a vivência de um processo de otimização. Na medida em que as dominâncias de forças, de possibilidades, que configuram os seus processos de formação de figura e fundo constituem-se em processos de competições plásticas, e de argumentações lógicas – ontológicas, fenomenológicas, dialógicas – já que, em seus desdobramentos as possibilidades são constituídas como forças plásticas, e como sentido.

GESTALTIFICAÇÃO. A gestaltificação é a intrínseca formatividade compreensiva da ação. Como processos vivenciais de formação de figura e fundo, e de criação formativa das coisas. A partir da vivência da atualização de possibilidades.

Vivencialmente, as possibilidades emergem e se desdobram de um modo contínuo e múltiplo. E se constituem cognitivamente.

Em seus desdobramentos formativos múltiplos, as possibilidades se organizam fenomenológico existencialmente, através da sucessiva configuração, da figuração cognitiva, fenomenológico existencial, das dominâncias resultantes da competição, e argumentação, entre suas forças cognitivas e plásticas. A figuração compreensiva das dominâncias das possibilidades dá-se como processos de formação de totalidades significativas, como processos de formação de figura e fundo, como processos de formação de gestalts.

A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, É UMA FEIÇÃO, UM FAZER. PERFAZER. PERFEIÇÃO. Enquanto vivência da emergência de forças plásticas, plastificativas -- sempre inéditas, e que se constituem cognitivamente, como compreensão --, o desdobramento das possibilidades, o processo fenomenológico existencial da ação, é, própria e especificamente, o processamento de um fazer.

E é este processo de fazer que querem dizer a palavra e o conceito de feição.

Inicialmente, assim, feição é um fazer. E perfeição é um modo particular de fazer. No caso específico, o modo fenomenológico existencial de fazer, através da vivência do desdobramento da ação -- através do desdobramento cognitivo de possibilidades. Que se constitui como a criatividade da vivência dos processos de formação de figura e fundo, e da vivência da formação das coisas.

 

Naturalmente, estamos aqui radicalmente distantes de uma concepção metafísica de perfeição. Ou da perfeição como resultante de uma comparação e avaliação do feito com um modelo ideal.

A perfeição, como modo fenomenológico existencial de fazer da ação, é inteiramente física. É vivência performativa do processamento fenomenológico existencial da ação. E, pour cause, é viência da criatividade dos processos de formação de figura  e fundo, e da criação das coisas, na multiplicidade de suas formas, formações.

O modo teorético de sermos não é um fazer. O modo teorético de sermos é uma reflexão sobre o feito.

O modo comportamental de sermos não é um fazer. Mas a padronização e a repetição do feito.

Somente a ação é um fazer.

Somente a ação é uma feição, um fazer.

Aliás, perfeição. Perfazer performativo.

A ação é um fazer pelo seu intrínseco caráter formativo. Performativo, performático, performance. Pelo seu caráter de modo de sermos da emergência e do desdobramento compreensivo, implicativo, gestaltificativo, de possibilidades. E como modo de sermos dos processos de gestaltificação, de formação de figura e fundo; e de criação das coisas.

A vivência da ação é um fazer pela vivência paulatina de seu processamento fenomenológico existencial. Compreensiva e implicativa, gestaltificativa. Na momenentaneidade instantânea de seu acontecer -- este é o sentido de per.

O processo de um fazer inteiramente não abstrato. O processamento de um fazer vivenciativo, experimentado como performance. Como vivência da emergência e desdobramento compreensivo de possibilidades, no per curso de um processo de formação de figura e fundo. Que cabalmente se desdobra, com princípio, meio e fim, fechamento. Desde suas emergências pré-compreensivas, passando pela configuração, como processo compreensivo de formação de figura e fundo; e escoando na constituição da coisa, como instalação.

Em todos os seus momentos, percursos de fluxos vivenciais de corpo e de sentidos, vivência fenomenológica existencial e dialógica. Vivência de todas as suas etapas, como processo de figuração, como processo estético, poiético, performático, performativo, de formação de figura e fundo. E como processo poiético e estético, performático, de formação, de criação, de coisas. Coisas mentais, ou coisas físicas. Que se instalam como tais.

A vivência do processamento da ação é, própria e especificamente, assim, a experiência estética, a experiência poiética, performática, de um fazer. Perfazer, perfeição. Na medida em que é a vivência da emergência e do desdobramento de possibilidades; que se enformam gestaltificativamente, como processos de formação de figura e fundo; e como processos criativos de criação de coisas. A partir da atualização, do desdobramento compreensivo da força de possibilidades, sempre emergentes, múltiplas, e sempre inéditas.

A ação -- meramente cognitiva, e/ou cognitiva e muscular --; a experiência estética, a experiência poiética, assim, são, especificamente, um fazer, um fazimento, uma feição. Perfeição. Um paulatino fazer fenomenológico existencial e dialógico. Que é, como tal, um fazer experimental, que envolve a vivência de todas as etapas da gestaltificação, enquanto processo improvisastivo de formação de figura e fundo; e enquanto processo de formação de coisas, que se instalam enquanto tais.

A ação, experiência estética e poética, é a vivência do percurso de um fazer fenomenológico, gestaltificativo. A vivência do percurso de um fazimento, a vivência do percurso, do percorrimento de uma feição, que envolve o desdobramento cabal de possibilidades.

Que se desenrola, e acontece, como desdobramento cognitivo de possibilidades. Cabalmente, desde os seus níveis pré-compreensivos, passando, temporal e ritimicamente, pelo seu processo de formação de figura e fundo; até decair em sua instalação como coisa.

A vivência cabal do percurso desta feição é, própria e especificamente, o modo de sermos, o modo de fazermos, da perfeição.

O modo de sermos, desproposital, o modo de fazermos, da perfeição. É o modo se sermos, e de fazermos, da gestaltificação.

De modo que o modo de sermos, e de fazermos, da perfeição fundamenta-se na dinâmica do modo fenomenológico existencial e dialógico, compreensivo e implicativo, gestaltificativo, estético e poiético de sermos. Modo de sermos das emergências e desdobramentos cognitivos, gestaltificativos, de possibilidades. Sempre múltiplas e inéditas.

No ineditismo emergente e múltiplo de seus desdobramentos, as possibilidades se configuram de modo gestaltificativamente compreensivo. E, gestaltificativamente dão origem e constituem as coisas da coisidade instalativa do mundo. Ou seja, nos seus desdobramentos, as possibilidades tendem a se configurar cabalmente como as totalizações significativas dos processos de formação de figura e fundo, e como totalizações que se constituem como as coisas instalativas.

A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, PERFEIÇÃO, É UM PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO DE FORMAÇÕES. Nas emergências e desdobramentos de suas multiplicidades, as possibilidades, se organizam a partir de processos de competição e de argumentação lógica -- fenomenológica, ontológica, dialógica. Este processo vivencial de competição e de argumentação compreensivas constitui dominâncias.

São essas dominâncias que figuram nos processos compreensivos e implicativos de formação de figura e fundo.

De modo que, como expressão cognitiva dos processos de competição e de argumentação que resultam nestas dominâncias, o processo vivencial de figuração gestaltificativa é especificamente um processo de otimização. Própria e especificamente, a partir desta competitividade e argumentação características das multiplicidades de possibilidades em desdobramento cognitivo, como processos de formação de figura e fundo, e como processo de formação de coisas instalativas.

O perfazer, a perfeição, a gestaltificação, constituem, assim, um processo de otimização. A partir da atualização da perene originalidade da forma das possibilidades emergentes, e a partir da intrínseca competitividade e argumentatividade das forças plásticas; plastificativas, que elas constituem. Como processos fenomenológicos de formação de figura e fundo. Que, igualmente, se constituem como processos de formação de coisas.

A OTIMIZAÇÃO DA GESTALTIFICAÇÃO DECORRE DA VIVÊNCIA INTENSIVA DA INTENSIONALIDADE DA AÇÃO. Radicalmente distinto do metafísico e do teorético, o perfeito é, assim, o feito desta forma.

Ou seja, o perfeito é o feito através do modo fenomenológico existencial e dialógico, compreensivo e implicativo, gestaltificativo, de fazermos. Processo de formação de figura e fundo, e de coisas, da ação, processo gestaltificativo da perfeição.

E, se é belo e bem feito, original, perfeito, o é pela vivência plena e intensa -- intensivativa, intensidade, intensionalidade --, das características da momentaneidade instantânea deste modo fenomenológico existencial de sermos da ação. Da atualização de possibilidades. Da perfeição.

A vivência intensa da momentaneidade instantânea da ação. A vivência intensa da momentaneidade instantânea do modo de sermos do ator, inspectador.

Modo de sermos da ação, e do ator, inspectador, que não é o modo de sermos no qual se constitui o sujeito e o objeto, e a dicotomia entre eles. Modo de sermos da ação e do ator, inspectador, que não é o modo teorético explicativo de sermos do espectador. Que não é o modo de sermos da causalidade. Nem o modo pragmático de sermos dos úteis, dos usos e das utilidades. Nem é o modo de sermos da realidade. Que não é o modo de sermos do acontecido. Mas o modo de sermos do acontecer.

Ou seja, a perfeição gestaltificativa do perfeito – do feito ao modo fenomenológico existencial de sermos da perfeição, da açãodecorre da entrega ativa, intensivativa, à momentaneidade instantânea do processo de formação de figura e fundo que caracteriza o desdobramento de possibilidades do modo ontológico, fenomenológico existencial e dialógico, de sermos da ação; compreensivo e implicativo, gestaltificativo. Modo de sermos da ação e do ator.

Que não é o modo de sermos no qual vigoram o sujeito e o objeto, e a dicotomização entre eles, característicos do modo acontecido de sermos.

O modo de sermos da ação, da perfeição, não é o modo explicativo e teorético de sermos, do sujeito que contempla um objeto. Não é o modo de sermos do sujeito, mas o modo de sermos do ator. Não é o modo de sermos do espectador, mas o modo de sermos do ator, inspectador. Não é o modo de sermos da causalidade, das relações de causa e efeito.

É o modo de sermos da ação estética e poiética. Inútil e desproposital. Não é o modo de sermos da realidade, uma vez que é o modo de sermos da possibilidade, o modo de sermos do desdobramento do possível. O modo de sermos da ação. Que não é, por isto, o modo de sermos do acontecido, mas é, própria e especificamente, o modo de sermos do acontecer.

Perfeccionativo.

 
O termo e o conceito de implicação são extremamente importantes para a definição e caracterização da perspectiva fenomenológica. Quando menos, porque o conceito de im-plicação caracteriza o fenomenológico, em contraposição ao termo e ao conceito de ex-plicação. 

Simplesmente, a ex-plicação é o modo de sermos que não é a im-plicação. O modo de sermos que não é a vivência de consciência fenomenológica, pré-reflexiva. Ou seja, explicação é o modo teorético de sermos, e o modo comportamental de sermos. Que não são implicação, não são implexação.  E, fora do modo de sermos da implicação, são portanto o modo de sermos da explicação.

Uma característica fundamental da vivência fenomenológica, pré-reflexiva, do modo ontológico de sermos, é a sua inesgotável multiplicidade. Multiplicidade que, vivencialmente, apresenta-se artisticamente, de um modo significativo, como um processo fluente de formação e de contínua sucessão de totalidades significativas, de gestalts, enquanto um rico processo de formação de figura e fundo, um processo de gestaltificação. De implicação. 

Donde podemos entender que gestaltificação e implicação são exatamente sinônimos. Ou referem-se à mesma vivência do processo de formação de figura e fundo, de totalidades significativas, da vivência de consciência,  fenomenológico existencial e dialógica.

Um aspecto fundamental da implicação, da gestaltificação, da compreensão, é o de que a vivência fenomenológica na qual elas se constituem se dá como ato, como ação; ou seja, se dá como vivência de de uma multiplicidade de possibilidades, o que quer dizer -- já que as possibilidades, como forças, só existem em seus desdobramentos -- como vivência do desdobramento de uma multiplicidade de possibilidades, em padrões de articulação das multiplicidades em processos de formação de figuras e fundos, padrões de articulação de gestalts. Que, nos seus desdobramentos, são o acontecer. Que dura até a gradativa extinção da força da articulação de possibilidades. Quando então elas se coisificam. Constituindo, enquanto coisificadas, as condição do sujeito e do objeto. De um sujeito que contempla um objeto. Contemplação que caracteriza o teorético modo de sermos da explicação. E a condição do ente, enquanto condição da coisidade, que é a  condição da possibilidade exaurida.

Não obstante, a duração da vivência do ato, a duração da vivência da ação, enquanto desdobramentos de possibilidades, a duração da vivência do processo de formação de figura e fundo, não é da ordem do acontecido, é acontecer, e não é da ordem da coisidade. De modo que, em sendo dialógica eu-tu, não é da ordem da dicotomia sujeito-objeto. A vivência da implicação, a gestaltificação, é acontecer, e não é da ordem da dicotomia sujeito-objeto, não é da ordem da objetividade, nem da subjetividade, mas da ordem da dialógica eu-tu, da ordem da condição -- não do sujeito -- mas da condição da ação, da condição do ator. Inspectador, e não espectador. Não teorético, mas fenomenológico existencial e dialógico; compreensivo, implicativo, inspectativo, gestáltico. Não é da condição do ente, mas, acontecer, da ordem do pré-ente, do presente.

Um aspecto fundamental da gestaltificação, da implicação, da compreensão, da inspectação, da vivência fenomenológico existencial, pré-reflexiva, é que, caracteristicamente, elas são sempre a vivência de uma multiplicidade de possibilidades. Que, em sua contínua geração , se constitui como um processo de consciência fenomenológica, pré-reflexiva. No qual a multiplicidade de possibilidades se articula, e se dissolve, perenemente, num processo de figuração, num processo de formação de figura e fundo, à medida em que se constituei como consciência pré-reflexiva..  Essas totalidades significativas, que são as gestalts, são plexos, enquanto totalidades -- de multiplicidades -- organizadas. A raiz Grega para o termo, e conceito, de plexo é plic. Daí o termo e o conceito de implicação, significando a vivência fenomenológica do processo de formação de gestalts. De figuração, de formação de figura e fundo. A partir das articulações de multiplicidades de possibilidades.

A compreensão tem em essência o mesmo sentido que implicação, e que gestaltificação. Referindo-se, especificamente, ao processo organizado, enquanto totalidades organizadas significativas, de consciência pré-reflexiva, de figuração, de formação de figura e fundo, de formação de gestalts, a partir da vivência do desdobramento de um plexo, de uma multiplicidade organizada, de possibilidades. 

Pense em como um grampo, através de sua preensão, organiza e enfeita, embeleza, inclusive, uma mecha de cabelos. Este é o efeito gestáltico, implicativo, preensivo, com-preensão, com-preensivo, na organização sucessiva dos plexos, das multiplicidades de possibilidades, no processo implicativo de formação de figura e fundo, de figuração, de formação de gestalts, de gestaltificação.
 


 

 
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